*"Do Juízo Estético "*

Toda a arte pressupõe regras na base das quais uma produção, se deve considerar-se artística, é representada, em primeiro lugar, como possível; mas o conceito das belas-artes não permite derivar o juízo sobre a beleza da produção de qualquer regra que tenha um conceito como princípio determinante, em virtude de pôr como fundamento um conceito do modo por que tal é possível. Assim, a arte do belo não pode inventar ela mesma a regra segundo a qual realizará a sua produção. Mas, como sem regra anterior um produto não pode ser artístico, é necessário que a natureza dê a regra de arte ao próprio sujeito (na concordância das suas faculdades), isto é, as belas-artes só podem ser o produto do génio.
Daí se conclui:
1º Que o génio é o talento de produzir aquilo de que se não pode dar regra determinada, mas não é a aptidão para o que pode ser apreendido consoante uma qualquer regra; portanto, a sua primeira característica é a originalidade.
2º Que as suas produções, visto que o absurdo também pode ser original, devem simultaneamente ser modelos, isto é, ser exemplares; por consequência, não sendo obras de imitação, têm de ser propostas à imitação das outras, isto é, servir-lhes de medida ou de regra critica.
3° Que ele mesmo não pode indicar cientificamente como leva a cabo a sua obra, mas que dá, enquanto natureza, a regra; portanto, o autor duma obra devida ao seu génio não sabe de onde lhe vêm as ideias e não depende dele concebê-las a seu grado ou segundo um plano, nem comunicá-las a outros em prescrições que os habilitariam a produzir obras semelhantes. (...)
Tal mestria é incomunicável, é propiciada directamente a cada qual por intermédio da natureza, desaparece, pois, com cada um até que a natureza confira a outro os mesmos dons; e a este mais não resta que ter um modelo para deixar manifestar-se de tal modo o talento de que tem consciência.
Visto que o dom da natureza deve estabelecer a regra da arte (belas-artes), qual é, pois, tal regra? Não é possível formulá-la para servir de preceito, pois que nesse caso o juízo sobre o belo seria determinado por conceitos, mas a regra deve ser extraída do acto mesmo, isto é, do produto, deve servir aos outros de pedra de toque para o seu próprio talento, como um modelo para uma imitação que não deve ser servil. Como é tal coisa possível? Eis o que é difícil esclarecer. As ideias do artista despertam no discípulo ideias semelhantes, se a natureza dotou este de faculdades equivalentes. Os modelos da arte são, pois, os únicos guias que podem perpetuá-los.

Emmanuel Kant, in "Critíca do Juízo"

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*"Bem Supremo e Razão"*

Quando a experiência me ensinou que os acontecimentos ordinários da vida são fúteis e vãos e me apercebi de que tudo que era para mim causa ou objecto de receio não tem em si mesmo nada de bom ou de mau, a não ser na medida da comoção que excita na alma, resolvi, finalmente, indagar se existia um bem verdadeiro e susceptível de se comunicar, qualquer coisa enfim cuja descoberta e posse me trouxessem para sempre um júbilo continuo e soberano.
(…) O que nos ocupa mais frequentemente na vida e que os homens, como pode concluir-se dos seus actos, consideram ser o bem supremo pode reduzir-se a três coisas: riqueza, fama, prazer dos sentidos.
Ora cada um deles distrai o espírito de tal modo que mal pode pensar noutro bem. (…)
- Pelo prazer sensual se detém a alma como se repousasse num bem verdadeiro, o que a impede em absoluto de pensar noutra coisa; após o prazer vem a extrema tristeza, que, se não suspende o pensamento, perturba e embota. A busca da fama e da riqueza não absorve menos o espírito, sobretudo quando a riqueza é desejada por si mesma, conferindo-lhe, então, a categoria de bem supremo.
- Mas a fama absorve o espírito de maneira muito mais exclusiva ainda: porque sempre é considerada como bem em si mesma e como fim derradeiro para que tudo converge. Além disso, a fama e a riqueza não contêm em si próprias o castigo como o prazer; ao contrário, quanto mais se tem uma ou outra, mais cresce a alegria experimentada. De onde a consequência de sermos cada vez mais incitados a acrescentá-las. Se, pelo contrário, em alguma ocasião somos iludidos na nossa esperança, ficamos profundamente tristes. A fama, por derradeiro, é ainda grande estorvo, porque para a alcançar temos de orientar necessariamente a vida em conformidade com a maneira de ver dos homens, quer dizer, evitar o que eles comummente evitam e buscar o que eles buscam. (…)
- Limitar-me-ei a dizer aqui brevemente o que entendo por um verdadeiro bem e também o que é o bem supremo. Para o entender com rectidão, devemos notar que bom e mau se dizem num sentido puramente relativo. A ponto de uma só e mesma coisa ser tida por boa ou má segundo os aspectos que consideramos; o mesmo sucede com o perfeito e o imperfeito. Coisa alguma, efectivamente, pode ser dita de natureza perfeita ou imperfeita. Sobretudo quando se perceba que tudo quanto acontece se produz de acordo com uma ordem eterna e com leis determinadas da natureza. (…)
- Entretanto, como o homem, na sua fraqueza, não abarca essa ordem pelo pensamento e concebe alguma natureza humana muito superior à sua, e, ao mesmo tempo, não vê impedimento na aquisição de uma semelhante, é levado a procurar meios que o conduzam a essa perfeição: tudo o que servir de meio a lá chegar é denominado verdadeiro bem. E o supremo bem consiste em chegar a fruir, com outros indivíduos se possível, dessa natureza superior. O que é essa natureza, havemos de vê-lo a seu tempo: é o conhecimento da união do espírito com a natureza inteira.
Tal é, pois, o fim a que tendo: alcançar essa natureza superior e fazer quanto puder para que outros a alcancem comigo; porque é ainda uma parte da minha felicidade trabalhar para que muitos conheçam claramente o que é claro para mim, de maneira que o seu entendimento e o seu desejo se harmonizem plenamente com o meu próprio entendimento e o meu próprio desejo. Para lograr esse fim é necessário ter da natureza um conhecimento que baste à aquisição dessa tal natureza humana e, também, formar uma sociedade apropriada a que o maior número possível de homens alcancem o fim tão fácil e seguramente quanto puder ser.

Baruch Espinoza, in '"Tratado da Reforma e do Entendimento "

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*Um tostão(zinho) para o Santo António*

Andava um garoto a pedir um tostãozinho para o Santo António. Uns davam, outros não.
Até que passou por ele um senhor de sobretudo comprido, até aos pés, e de sandálias, vejam bem. E se estava frio!
O garoto, cá de baixo, reparou no desconcerto, não deu importância. E vá de pedir:
— Dê-me um tostãozinho para o Santo António…
O senhor do sobretudo castanho todo esfarrapado debruçou-se para o miúdo e, sorrindo, disse-lhe assim:
— Tanto andas tu a pedir como eu. Hoje ainda não me deram nada.
— A mim já — respondeu o garoto. — Quer ver?
E mostrou-lhe, na palma da mão, umas tantas moedas. O mendigo contou-as.
— Davam e sobravam para pagar uma sopa e um pão, ali, na taberna da esquina — observou o mendigo.
— Mas eu não tenho fome — preveniu o garoto. — A minha mãe deu-me de almoçar, ainda agora. O senhor mendigo suspirou e disse:
— Pois a minha mãe já morreu. Deve ser por isso que ainda não comi nada, hoje…
O mocinho olhou para o homem, a certificar-se se seria verdade o que ele dizia. Os olhos tristes do mendigo garantiram-lhe que sim.
Foi a vez de o garoto suspirar:
— Este dinheiro era para eu comprar berlindes…
O homem de sandálias admirou-se:
— Mas tu, há bocadinho, não pedias para o Santo António?
O garoto riu-se:
— É um costume. Quero eu lá saber do Santo António! É tudo para os berlindes.
O mendigo não estranhou a revelação. Percebia-se, a conversa ia ficar por ali. Despediu-se:
— Ainda tenho hoje muito que andar. Adeus e boa colheita.
O rapazinho viu-o descer a ruela, num passo cansado. Então, num impulso, correu atrás dele e puxou pela ponta da corda, que o homem trazia à roda da cintura:
— Tome lá para um pão e para uma sopa. Mas não vá ali àquela casa da esquina, que são uns mal-encarados. Na outra rua abaixo, há mais onde comer.
O homem de sandálias e sobretudo roto, que lhe davam um ar de frade de antigamente, agradeceu as moedas e o conselho e seguiu caminho.
O garoto voltou ao seu poiso. E quando, pouco depois, porque estava frio, meteu as mãos nos bolsos, encontrou-os atulhados de berlindes…

António Torrado in"O mercador de coisa nenhuma"
Porto, Livraria Civilização Editora, 1994

*Hino Nacional...A Portuguesa*

A História do Hino
Em 11 de Agosto de 1890, o governo inglês enviou por via telegráfica um ultimato para que todas as tropas portuguesas se retirassem da zona conhecida pelo nome de “mapa cor-de-rosa”, correspondente aos actuais Zimbabué e Malawi. O lacónico telegrama britânico ameaçava Portugal com uma intervenção militar, pelo que o governo português, perante a exigência de um país tão rico e poderoso, cedeu e evacuou a região. Isto originou diversas manifestações, que foram aproveitadas pelos republicanos na sua propaganda contra a monarquia.
O compositor Alfredo Keil, indignado, sentou-se ao piano e compôs uma música marcial de conteúdo vibrante. Depois foi ter com o poeta Henrique Lopes de Mendonça para que escrevesse a letra com o sentido da revolta que grassava nas ruas. Após alguns dias, estavam escritas as três estrofes da composição musical. No entanto, ao longo dos tempos, tem sido alterada a ordem da segunda e da terceira estrofe, que acabou por se normalizar. Mais tarde, por diversas razões, houve quem contestasse a letra, mas como, em princípio, só se cantava a primeira estrofe, a riqueza da melodia serve de compensação. O seu título, “ A Portuguesa “, é que ninguém contestou.
Ainda em 1890, Alfredo Keil instrumentou a música para ser tocada por banda. Foi assim que quando surgiu a primeira tentativa da revolução republicana, em 31 de Janeiro de 1891, uma banda tocava sem cessar “ A Portuguesa “, só parando após o malogro da revolução. Depois foi proibida a execução do “pretenso hino”.
Após a implantação da República, em 5 de Outubro de 1910, o governo provisório fê-lo adoptar como Hino Nacional e conferiu-lhe todas as honras militares e civis. Nos primeiros tempos do novo regime “ A Portuguesa “ era tocada pelas bandas militares e civis no final dos seus concertos em praças públicas.

b. Autor da Música

Alfredo Keil nasceu em Lisboa, em 3 de Julho de 1850, e faleceu em Hamburgo, em 4 de Outubro de 1907, após melindrosa operação cirúrgica a que não resistiu.
Foi pintor, poeta, arqueólogo e coleccionador de arte Seu pai era oriundo de uma família do ducado de Nassau, que em 1838 se veio estabelecer em Lisboa; sua mãe era descendente de uma família alsaciana. Alfredo estudou no Colégio Britânico e desde pequeno mostrou inclinação para o desenho e para a música. Quando terminou o liceu foi estudar artes para Nuremberga, na Alemanha. Recebeu muitos prémios nacionais e estrangeiros. As suas músicas, essencialmente as óperas, foram apresentadas nos mais importantes teatros de Portugal, do Brasil e de Itália.

c. Autor da Letra

Henrique Lopes de Mendonça nasceu em Lisboa em 12 de Fevereiro de 1856 e faleceu em 24 de Agosto de 1931.
Foi escritor, manifestando, desde jovem, grande tendência para a Literatura. Seguindo carreira na Marinha, foi promovido a Aspirante em 1871, viajando depois pelos portos da Europa e de África. Iniciou a sua carreira dramática com a comédia em 1 acto A Noiva, representada no Teatro D. Maria II em 1884. Era sócio da Academia das Ciências e do Instituto de Coimbra. Foi professor de História na Escola de Belas-Artes de Lisboa. Escreveu poesia, história e romance. Passou à situação de reforma, em Maio de 1912, no posto de capitão de mar e guerra. Era condecorado com a comenda da Ordem de Avis.

d. A Letra do Hino

Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Coro

Às armas, às armas,
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas,
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

*"Cegueira de Olhos Abertos"*

A cegueira que cega cerrando os olhos, não é a maior cegueira; a que cega deixando os olhos abertos, essa é a mais cega de todas: e tal era a dos Escribas e Fariseus. Homens com os olhos abertos e cegos. Com olhos abertos, porque, como letrados, liam as Escrituras e entendiam os Profetas; e cegos, porque vendo cumpridas as profecias, não viam nem conheciam o profetizado.
[...] Esta mesma cegueira de olhos abertos divide-se em três espécies de cegueira ou, falando medicamente, em cegueira da primeira, da segunda, e da terceira espécie. A primeira é de cegos, que vêem e não vêem juntamente; a segunda de cegos que vêem uma coisa por outra; a terceira de cegos que vendo o demais, só a sua cegueira não vêem.

Padre António Vieira, in "Sermões"

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*"Iemanjá"*

Iemanjá, Yemanjá, Yemaya, Iemoja, ou Yemoja é um orixá africano, cujo nome deriva da expressão iorubá Yèyé omo ejá (Mãe cujos filhos são peixes).

Brasil
No Brasil, Iemanjá é um orixá dos mais populares e reverenciados do Candomblé, Batuque, Xambá, Xangô do Nordeste e Umbanda e mesmo por fiéis de outras religiões.
Uma das maiores comemorações em honra à Iemanjá ocorre no último dia do ano em várias praias do litoral brasileiro. Antes e após a queima de fogos da passagem do ano, os devotos fazem oferendas à Rainha do Mar, um dos títulos pelos quais Iemanjá é saudada. Eles a presenteiam com flores, perfumes, velas e mimos de todos os tipos, tanto na areia da praia, quanto nas ondas do mar.
A tradicional Festa de Iemanjá no município de Salvador, capital da Bahia, tem lugar na praia do Rio Vermelho todo dia 2 de Fevereiro. Na mesma data, Iemanjá também é cultuada em diversas outras praias brasileiras, onde lhe são ofertadas velas e flores, lançadas ao mar em pequenos barcos artesanais.
No dia 8 de dezembro, outra festa é realizada à beira mar baiana, a Festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia. Esse dia, 8 de Dezembro, é dedicado à padroeira da Bahia, Nossa Senhora da Conceição da Praia, sendo feriado municipal em Salvador. A festa católica acontece na Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na Cidade Baixa, enquanto os terreiros de Candomblé e Umbanda fazem divisões cercadas com cordas, fitas e flores nas praias, delimitando espaço para as casas de santo que realizarão seus trabalhos na areia.
No Brasil, Iemanjá representa a mãe que protege os filhos a qualquer custo, a mãe de vários filhos, ou vários peixes, que adora cuidar de crianças. Na Umbanda, ela também recebe o título de Senhora da Coroa Estrelada.

Pontos Cantados
Os pontos cantados aqui reproduzidos são de domínio público, pertencendo à tradição oral que acompanha as religiões afro-brasileiras.


E mikaiá, e mikaiá
Selumbanda selomia
Demama ê o mikaiá
Selumbanda, selomina demama ê
O mikaiá ê
Kevê kevê o mikaiá
Kevê kevê o mikaiá
Mama imbanda, segurimgoma
Keuame, kaiá.
Ê Dandalunda kaimbanda kokê
Ê Dandalunda kaimbanda koke á
Oh Iemanjá, senhora lá do aiê
Oh Iemanjá, venha nos ajudar, oh Iemanjá
Oh minha Mãe Iemanjá, com a sua luz divina
Venha nos ajudar, oh Iemanjá, oh Iemanjá
Rainha das águas sereia do mar, rainha das águas sereia do mar
Oh Iemanjá, oh Iemanjá
Iemanjá, ah doce Iabá, Iemanjá hoje é seu dia que beleza
Salve a sereia do mar
Lá vou eu prá beira do mar
Levar flores prá Mãe Iemanjá
É a minha oferenda a rainha suprema do mar
Venha comigo irmão, vamos à beira do mar
É oito de dezembro, hoje é dia de Mãe Iemanjá
Venha comigo irmão, vamos à beira do mar
É oito de dezembro, vamos todos Saravá
Fiz um pedido à mãe Sereia, Mãe Iemanjá
para nunca mais errar
Foi na areia, foi na areia
A lua lá no céu
Iluminou nosso lindo mar
A lua lá no céu
Iluminou nosso lindo mar
Sereia, Sereia do Mar
Oi Sereia, Sereia do Mar
Eu vou à Praia-Grande
Eu vou, eu vou
Levar buquê de rosas pra Iemanjá
Vou riscar ponto na areia, vou pedir a Mãe Sereia
Dona das ondas do mar
Que me cubra com seu manto, com a luz do seu encanto,
mil estrelas a brilhar
Eu fui à praia
Saudar Iemanjá
E vi mãe sereia no fundo do mar
Linda aruê
Linda aruá
Rainha das ondas, sereia do mar
Linda aruê
Linda aruá
Rainha das ondas mamãe Iemanjá
Iemanjá rainha das ondas sereia do mar
Iemanjá só canta bonito quando tem luar
Iê, Iemanjá
Iê, Iemanjá
Rainha das ondas sereia do mar
Rainha das ondas sereia do mar
Mas como é lindo o canto de Iemanjá
Faz até um pescador chorar
Quem escuta mãe d’água cantar
Vai com ela pro fundo do mar
Vai com ela pro fundo do mar
Mãe d'água é linda ela linda
Mãe d'água tem capital
Mãe d'água paga a dinheiro
Pra ver nós dois trabalhar
Saia do mar linda sereia
Saia do mar venha brincar na areia
Saia do mar sereia bela
Saia do mar venha brincar com ela
Eu vou levar, vou levar flores pro mar
Eu vou levar
Uma promessa eu fiz
Para deus me ajudar
Meu pedido atendeu
Eu prometi vou pagar
Jogaram uma carga pesada pra cima de mim
Mas eu sou filho de Iemanjá
Não caio assim
Me olharam com os olhos atravessados
Pagaram promessas para atrasar meu lado
Iemanjá rainha do mar
Só ela quem pode me ajudar
Eu tenho minha cabeça feita
Não a mandinga que possa me derrubar
Saravá Oxalá
Não a mandinga que possa me derrubar
Saravá Iemanjá
Hoje é dia de grande Senhora
Da nossa mãe Iemanjá
Calunga ê, ê, ê, calunga á, á, á
Brilham as estrelas no céu
Brilham os peixinhos do mar
Calunga ê, ê, ê, calunga á, á, á
Eu vi um peixe na beira da água
solte os cabelos Janaína e cai na água
Mamãe sereia veio de minas,
está em terra a cabocla Janaína.
O mar estava tão sereno noite de estrelas e luar.
Rosas brancas flutuando,
suave perfume chegando com a brisa que vinha do mar.
E radiante com seu diadema a brilhar.
Iemanjá sorrindo, entoava um canto lindo, caminhado sobre o mar.
O o o o odocia pra nossa mãe sereia , sereia do mar.
Deusa de tanta beleza, mãe do toda natureza, mãe de grandes orixás.
Os orixás têm Ogum, divindade e rei da guerra tem o Senhor Oxóssi,
rei da mata e caçador e do Sr Exu, ele que é dono da terra e grande
trabalhador.
A água do mar rolou,
a água do mar rolou,
a água do mar rolou,
a água do mar rolou!
Saravá a rainha do mar,
saravá nossa mãe iemanjá.
Saravá a rainha do mar,
saravá nossa mãe Iemanjá,
mamãe Iemanjá.
Eu fui a praia saudar Iemanjá,
e vi mãe sereia no fundo mar. (bis)
Linda arue, linda arua,
rainha das ondas sereia do mar. (bis)
Iemanjá Sobá, samba mirere. (bis)
Samba mirere, oi mamãe,
Samba mirere.
Retira a jangada do mar,
mãe d'água mandou avisar
que hoje não pode pescar.
Pois hoje tem festa no mar.
E e e e e Iemanjá,
ela é, ela é a rainha do mar. (bis)
Traz pente , traz espelho,
o o o , pra ela se enfeitar o o o .
Traz flores traz perfume,
que vem da cor do mar.
Iemanjá é uma Deusa,
é uma Rainha,
mas ela é dona das águas do mar
Odoiá, oh doce Iabá
Doce mãe, me ajude a trabalhar
Mãe sereia,
Mãe sereia
me ajude a trabalhar
Quando eu vim passei na areia
Quando vou passo no mar.
Oi Mikaiá, oi Mikaiá, zelombamda, zelombimda de mamãe,
oi Mikaiá, zelombô
Zelomina de Mamãe iê oi Mikaiá ê
Kevê Kevê Kaiá, Kevê Kevê Kaiá
Ô Mamãe de Aruanda segura engoma Kevê Kevê Kaiá

Cuba
Em Cuba, Yemayá também possui as cores azul e branca, é uma rainha do mar negra, assume o nome cristão de La Virgen de la Regla e faz parte da Santeria como santa padroeira dos portos de Havana.



Fonte:http://www.arikah.net/enciclopedia-portuguese/

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*"A Preguiça"*

De todas as paixões a que nos é mais incógnita é a preguiça.
É a mais ardente e a mais maligna de todas, ainda que a sua violência seja imperceptível e que os seus danos se escondam.
Se observarmos com atenção o seu poder, notaremos que ela se torna sempre mestra dos nossos sentimentos, dos nossos interesses e dos nossos desejos.
Ela é a demora que tem a força para fazer parar os maiores navios, é uma calmaria mais perigosa para as grandes empresas do eu do que os bancos de areia e do que as maiores tempestades.
O repouso dado pela preguiça é uma sedução secreta da alma, que pára de repente as lutas mais inflamadas e as resoluções mais obstinadas.
Enfim, para se dar uma verdadeira ideia desta paixão, é preciso dizer que a preguiça é como que um estado de beatitude da alma, consolando-a das suas perdas e ocupando o lugar de todos os bens.

La Rochefoucauld, in "Reflexões"

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*"Constituição da República Portuguesa"*


PREÂMBULO
A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista.
Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa.
A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício destes direitos e liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponde às aspirações do país.
A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno.
A Assembleia Constituinte, reunida na sessão plenária de 2 de Abril de 1976, aprova e decreta a seguinte Constituição da República Portuguesa:
Princípios fundamentais
Artigo 1.º
(República Portuguesa)

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
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Artigo 2.º
(Estado de direito democrático)

A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa.
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Artigo 3.º
(Soberania e legalidade)

1-A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição.
2-O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade democrática.
3-A validade das leis e dos demais actos do Estado, das regiões autónomas, do poder local e de quaisquer outras entidades públicas depende da sua conformidade com a Constituição.
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Artigo 4.º
(Cidadania portuguesa)

São cidadãos portugueses todos aqueles que como tal sejam considerados pela lei ou por convenção internacional.
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Artigo 5.º
(Território)

1-Portugal abrange o território historicamente definido no continente europeu e os arquipélagos dos Açores e da Madeira.
2-A lei define a extensão e o limite das águas territoriais, a zona económica exclusiva e os direitos de Portugal aos fundos marinhos contíguos.
3-O Estado não aliena qualquer parte do território português ou dos direitos de soberania que sobre ele exerce, sem prejuízo da rectificação de fronteiras.
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Artigo 6.º
(Estado unitário)

1-O Estado é unitário e respeita na sua organização e funcionamento o regime autonómico insular e os princípios da subsidiariedade, da autonomia das autarquias locais e da descentralização democrática da administração pública.
2-Os arquipélagos dos Açores e da Madeira constituem regiões autónomas dotadas de estatutos político-administrativos e de órgãos de governo próprio.
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Artigo 7.º
(Relações internacionais)

1-Portugal rege-se nas relações internacionais pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados e da cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade.
2-Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.
3-Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito à insurreição contra todas as formas de opressão.
4-Portugal mantém laços privilegiados de amizade e cooperação com os países de língua portuguesa.
5-Portugal empenha-se no reforço da identidade europeia e no fortalecimento da acção dos 6-Estados europeus a favor da democracia, da paz, do progresso económico e da justiça nas relações entre os povos.
6-Portugal pode, em condições de reciprocidade, com respeito pelos princípios fundamentais do Estado de direito democrático e pelo princípio da subsidiariedade e tendo em vista a realização da coesão económica, social e territorial, de um espaço de liberdade, segurança e justiça e a definição e execução de uma política externa, de segurança e de defesa comuns, convencionar o exercício, em comum, em cooperação ou pelas instituições da União, dos poderes necessários à construção e aprofundamento da união europeia.
7-Portugal pode, tendo em vista a realização de uma justiça internacional que promova o respeito pelos direitos da pessoa humana e dos povos, aceitar a jurisdição do Tribunal Penal Internacional, nas condições de complementaridade e demais termos estabelecidos no Estatuto de Roma.
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Artigo 8.º
(Direito internacional)

1-As normas e os princípios de direito internacional geral ou comum fazem parte integrante do direito português.
2-As normas constantes de convenções internacionais regularmente ratificadas ou aprovadas vigoram na ordem interna após a sua publicação oficial e enquanto vincularem internacionalmente o Estado Português.
3-As normas emanadas dos órgãos competentes das organizações internacionais de que Portugal seja parte vigoram directamente na ordem interna, desde que tal se encontre estabelecido nos respectivos tratados constitutivos.
4-As disposições dos tratados que regem a União Europeia e as normas emanadas das suas instituições, no exercício das respectivas competências, são aplicáveis na ordem interna, nos termos definidos pelo direito da União, com respeito pelos princípios fundamentais do Estado de direito democrático.
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Artigo 9.º
(Tarefas fundamentais do Estado)

São tarefas fundamentais do Estado:
a) Garantir a independência nacional e criar as condições políticas, económicas, sociais e culturais que a promovam;
b) Garantir os direitos e liberdades fundamentais e o respeito pelos princípios do Estado de direito democrático;
c) Defender a democracia política, assegurar e incentivar a participação democrática dos cidadãos na resolução dos problemas nacionais;
d) Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os portugueses, bem como a efectivação dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais, mediante a transformação e modernização das estruturas económicas e sociais;
e) Proteger e valorizar o património cultural do povo português, defender a natureza e o ambiente, preservar os recursos naturais e assegurar um correcto ordenamento do território;
f) Assegurar o ensino e a valorização permanente, defender o uso e promover a difusão internacional da língua portuguesa;
g) Promover o desenvolvimento harmonioso de todo o território nacional, tendo em conta, designadamente, o carácter ultraperiférico dos arquipélagos dos Açores e da Madeira;
h) Promover a igualdade entre homens e mulheres.
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Artigo 10.º
(Sufrágio universal e partidos políticos)

1-O povo exerce o poder político através do sufrágio universal, igual, directo, secreto e periódico, do referendo e das demais formas previstas na Constituição.
2-Os partidos políticos concorrem para a organização e para a expressão da vontade popular, no respeito pelos princípios da independência nacional, da unidade do Estado e da democracia política.
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Artigo 11.º
(Símbolos nacionais e língua oficial)

1-A Bandeira Nacional, símbolo da soberania da República, da independência, unidade e integridade de Portugal, é a adoptada pela República instaurada pela Revolução de 5 de Outubro de 1910.
2-O Hino Nacional é A Portuguesa.
3-A língua oficial é o Português.
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( a quem quiser continuar a sua leitura ...é favor clicar no link)
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*"O Abismo da Agitação"*

Uma vida demasiado repleta de agitação é uma vida esgotante que continuamente exige estimulantes mais fortes para provocar as emoções que acabam por ser consideradas parte essencial do prazer. Uma pessoa habituada a demasiada agitação é comparável à que tem um desejo mórbido de pimenta e acaba por ser incapaz de lhe apreciar o sabor numa quantidade que sufocaria qualquer outra pessoa. Há sempre um certo aborrecimento quando se evita em demasia a agitação, mas por sua vez a agitação demasiada não só enfraquece a saúde como embota o gosto para toda a espécie de prazeres, substituindo titilações por profundas satisfações orgânicas, habilidade por inteligência e impressões fugidias por beleza. Não pretendo exagerar os perigos da agitação. Uma certa quantidade talvez seja saudável, mas como em quase todas as outras coisas, o problema é de ordem quantitativa. Uma dose demasiado pequena pode gerar desejos mórbidos e o abuso pode produzir o esgotamento. Certa capacidade para suportar o aborrecimento é pois essencial a uma vida feliz e isso era uma das coisas que deviam ser ensinadas aos jovens.

Bertrand Russell, in "A Conquista da Felicidade"

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*"A Génese de um Poema"*

A maior parte dos escritores, sobretudo os poetas, preferem deixar supor que compõem numa espécie de esplêndido frenesim, de extática intuição; literalmente, gelar-se-iam de terror à ideia de permitir ao público que desse uma espreitadela por detrás da cena para ver os laboriosos e incertos partos do pensamento, os verdadeiros planos compreendidos só no último minuto, os inúmeros balbucios de ideias que não alcançaram a maturidade da plena luz, as imaginações plenamente amadurecidas e, no entanto, rejeitadas pelo desespero de as levar a cabo, as opções e as rejeições longamente ponderadas, as tão difíceis emendas e acrescentas, numa palavra, as rodas e as empenas, as máquinas para mudança de cenário, as escadas e os alçapões, o vermelhão e os postiços que em 99% dos casos constituem os acessórios do histrião literário.
(...) No que a mim diz respeito, não compartilho da repugnância de que falei e nunca senti a mínima dificuldade em rememorar a marcha progressiva de todas as minhas obras. Escolho O Corvo por ser a mais conhecida. Proponho-me demonstrar claramente que nenhum pormenor da sua composição se pode explicar pelo acaso ou pela intuição, que a obra se desenvolveu, a par e passo, até à sua conclusão com a precisão e o rigor lógico de um problema matemático.
(...) Sendo assim determinados a extensão, o domínio e o tom, socorri-me da indução ordinária, a fim de encontrar alguma invenção artística inédita que me pudesse servir de chave para construir o poema, de eixo sobre o qual giraria toda a máquina. Ao examinar cuidadosamente todos os efeitos artísticos ordinários, ou, mais exactamente, toda a carpintaria no sentido teatral da palavra, não deixei de verificar imediatamente que nenhum tinha tido emprego tão universal como o refrão. A universalidade da sua utilização bastava para garantir-me o seu valor intrínseco e poupava-me à necessidade de submetê-lo à análise. Todavia, examinei-o pensando que poderia ser melhorado e depressa me apercebi de que ele não ultrapassara a sua fase primitiva. Tal como comummente é empregado, o refrão não somente se limita ao poema lírico, mas também só procura o seu efeito no poder da monotonia, tanto pelo som como pelo pensamento. O prazer tem como única origem a sensação de identidade, de repetição. Resolvi variar, e, portanto, aumentar o efeito, conservando em geral a monotonia do seu todo, repetindo, de cada vez, a do pensamento: isto é, decidi produzir efeitos constantemente renovados fazendo variar as aplicações do refrão, permanecendo o refrão, no seu conjunto, tal e qual.
(...) Estando assim determinado o som do refrão, era necessário escolher uma palavra que contivesse tal som e ao mesmo tempo se ligasse tanto quanto possível com essa melancolia que decidira havia de dar a sua tonalidade ao poema. Em tal ordem de pesquisas teria sido absolutamente impossível omitir a palavra nevermore, «nunca mais». E, na verdade, foi a primeira que me ocorreu.
O desideratum seguinte consistiu em: sob que pretexto ligar continuamente esta única palavra nevermore? Ao notar a dificuldade que desde começo experimentava em inventar uma razão suficientemente plausível para tal perpétua repetição, não deixei de me aperceber de que essa dificuldade provinha unicamente da ideia preconcebida de que tal palavra devia ser pronunciada de modo contínuo e monótono por um ser humano; em breve não deixei de me aperceber de que a dificuldade consistia em conciliar essa monotonia com o exercício da razão na criatura que repetisse a palavra. Então, de súbito, tive a ideia de uma criatura incapaz de raciocinar, embora capaz de falar; e, muito naturalmente, ocorreu-me em primeiro lugar a ideia de um papagaio, logo substituída pela de um corvo, ave igualmente dotada de palavra e infinitamente mais de acordo com o tom procurado.
Tinha, pois, chegado à concepção de um corvo, ave de mau agoiro, que repete invariavelmente apenas a palavra nevermore como conclusão de cada estância, num poema de um tom melancólico e com a extensão de cem versos. Então, sem nunca perder de vista este fim, superlativo ou de perfeição em todos os pontos, perguntei-me: «De todos os temas melancólicos, qual, no consenso universal dos homens, é o mais melancólico?» Resposta evidente: «A Morte.» «E quando é que esse tema mais melancólico é o mais poético?» Ainda aqui a resposta decorre com evidência do que já expliquei longamente: «Quando se alia o mais estreitamente com a Beleza: a morte de uma linda mulher é, pois, indiscutivelmente o tema mais poético do mundo…»
A verdade é que a originalidade, excepto nos espíritos de raríssima capacidade, de modo nenhum é, como alguns supõem, assunto de instinto ou de intuição. Em geral, para encontrá-la, é preciso procurá-la laboriosamente, e, embora constitua um mérito positivo da ordem mais elevada, conquistá-la exige menos invenção do que negação.

Edgar Poe, in "A Filosofia da Composição "

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*Páscoa e Ovo de Páscoa*

A Páscoa (do hebraico Pessach, significando passagem) é um evento religioso cristão, normalmente considerado pelas igrejas ligadas a esta corrente religiosa como a maior e a mais importante festa da cristandade. Na Páscoa os cristãos celebram a Ressurreição de Jesus Cristo (Vitória sobre a morte) depois da sua morte por crucificação (ver Sexta-Feira Santa) que teria ocorrido nesta altura do ano em 30 ou 33 d.C. O termo pode referir-se também ao período do ano canônico que dura cerca de dois meses a partir desta data até ao Pentecostes.
Os eventos da Páscoa teriam ocorrido durante o Pessach, data em que os judeus comemoram a libertação e fuga de seu povo escravizado no Egipto (Portugal, África e Timor) Egito (Brasil).
A palavra Páscoa advém, exatamente do nome em hebraico da festa judaica à qual a Páscoa cristã está intimamente ligada, não só pelo sentido simbólico de “passagem”, comum às celebrações pagãs (passagem do inverno para a primavera) e judaicas (da escravatura no Egito para a liberdade na Terra prometida), mas também pela posição da Páscoa no calendário, segundo os cálculos que se indicam a seguir.
A última ceia partilhada por Jesus e pelos discípulos é considerada, geralmente, um “seder do pesach” – a refeição ritual que acompanha a festividade judaica, se nos atermos à cronologia proposta pelos Evangelhos sinópticos. O Evangelho de João propõe uma cronologia distinta, ao situar a morte de Cristo por altura da hecatombe dos cordeiros do Pesach. Assim, a última ceia teria ocorrido um pouco antes desta festividade.
Os termos "Easter" (Ishtar) e "Ostern" (em inglês e alemão, respectivamente) parecem não ter qualquer relação etimológica com o Pesach(páscoa). As hipóteses mais aceitas relacionam os termos com Eostremonat, nome de um antigo mês germânico, ou de Eostre, uma deusa germânica relacionada com a primavera que era homenageada todos os anos, no mês de Eostremonat, de acordo com o historiador inglês do século VII, Beda.

Ovo De Páscoa


O hábito de dar ovos de verdade vem da tradição pagã. O hábito de trocar ovos de chocolate surgiu na França. Antes disso, eram usados ovos de galinha para celebrar a data.
A tradição de presentear com ovos - de verdade mesmo - é muito, muito antiga. Na Ucrânia, por exemplo, centenas de anos antes de era cristã já se trocavam ovos pintados com motivos de natureza - lá eles têm até nome, pêssanka - em celebração à chegada da primavera.
Os chineses e os povos do Mediterrâneo também tinham como hábito dar ovos uns aos outros para comemorar a estação do ano. Para deixá-los coloridos, cozinhavam-os com beterrabas.
Mas os ovos não eram para ser comidos. Eram apenas um presente que simbolizava o início da vida. A tradição de homenagear essa estação do ano continuou durante a Idade Média entre os povos pagãos da Europa.
Eles celebravam Ostera, a deusa da primavera, simbolizada por uma mulher que segurava um ovo em sua mão e observava um coelho, representante da fertilidade, pulando alegremente ao redor de seus pés.
Os cristãos se apropriaram da imagem do ovo para festejar a Páscoa, que celebra a ressurreição de Jesus - o Concílio de Nicéia, realizado em 325, estabeleceu o culto à data. Na época, pintavam os ovos (geralmente de galinha, gansa ou codorna) com imagens de figuras religiosas, como o próprio Jesus e sua mãe, Maria.
Na Inglaterra do século X, os ovos ficaram ainda mais sofisticados. O rei Eduardo I (900-924) costumava presentear a realeza e seus súditos com ovos banhados em ouro ou decorados com pedras preciosas na Páscoa. Não é difícil imaginar por que esse hábito não teve muito futuro.
Foram necessários mais 800 anos para que, no século XVIII, confeiteiros franceses tivessem a idéia de fazer os ovos com chocolate - iguaria que aparecera apenas dois séculos antes na Europa, vinda da então recém-descoberta América. Surgido por volta de 1500 a.C., na região do golfo do México, o chocolate era considerado sagrado pelas civilizações Maia e Asteca. A imagem do coelho apareceu na mesma época, associada à criação por causa de sua grande prole.

In:Wikipédia, a enciclopédia livre.

Desejo eu uma Feliz e Santa Páscoa bem docinha

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*Não Há Dor Que Justifique a Fuga *

A escuridão, as trevas desesperadas, é esse o círculo terrível da vida do dia-a-dia. Por que é que uma pessoa se levanta de manhã, come, bebe e se deita outra vez? A criança, o selvagem, o jovem saudável, o animal não padecem sob a rotina deste círculo de coisas e actividades indiferentes. Aquele a quem os pensamentos não atormentam, alegra-se com o levantar pela manhã e com o comer e o beber, acha que é o suficiente e não quer outra coisa.
Mas quem viu esta naturalidade perder-se, procura no decurso do dia, ansioso e desperto, os momentos da verdadeira vida cujas cintilações o tornam feliz e que apagam a sensação de que o tempo reúne em si todos os pensamentos relativos ao sentido e ao objectivo de tudo. Podem chamar a esses momentos, momentos criadores, porque parece que trazem a sensação de união com o criador, porque se sente tudo como desejado, mesmo que seja obra do acaso. É aquilo a que os místicos chamam união com Deus. Talvez seja a luz muito clara desses momentos que faz parecer tudo tão escuro, talvez a libertadora e maravilhosa leveza desses momentos faça sentir o resto da vida tão pesada, pegajosa e opressiva. Não sei, não aprofundei muito o pensamento e a tirada filosófica. Mas sei que se há bem-aventurança e um paraíso tem de ser uma duração incólume de tais momentos, e se se pode obter esta felicidade pela dor e pela sublimação na dor, não há nenhuma dor que justifique a fuga.
Hermann Hesse, in "Gertrud"
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*As Canseiras Destinam-se a Satisfazer os Luxos*

Nos dias de hoje, quem consideras tu como sábio? O técnico que sabe montar repuxos de água perfumada através de canalizações invisíveis, o que é capaz de encher ou esvaziar num instante os canais artificiais, o que sabe dar diversas disposições aos caixotões móveis do tecto de modo a que o salão de banquetes vá mudando de decoração à medida que vão surgindo os vários pratos? Ou antes aquele que demonstra, a si mesmo e aos outros, que a natureza nos não impõe nada que seja duro e difícil, que para termos uma casa não carecemos de marmoristas ou de marceneiros, que para nos vestirmos não dependemos do comércio da seda, em suma, que para dispormos do essencial à vida quotidiana nos basta aquilo que a terra nos apresenta à superfície? Se a humanidade se dispusesse a seguir os conselhos de um tal homem imediatamente perceberia que tão inútil é o cozinheiro como o soldado!
Os antigos, esses homens que satisfaziam sem quaisquer excessos as suas necessidades físicas, eram de facto sábios, ou pelo menos muito próximo de o serem. Para se obter o indispensável não é preciso muito esforço; as canseiras destinam-se a satisfazer os luxos. Tu podes dispensar todos os técnicos: basta que sigas a natureza! E a natureza não pretendeu fazer de nós «especialistas»: a cada um ensinou como suprir as carências essenciais.
Séneca, in 'Cartas a Lucílio'
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*Mimo*



Assim agraciou Manuela do belo e acolhedor espaço http://manuela-estadosdealma.blogspot.com/ , onde presenteia com momentos únicos seus ...este meu cantinho...

"Um momento,
e suas reflexões, suas palavras, e poemas... gosto e dá-me também muito que pensar..."

Muito Obrigada Manuela ...de coração!!!

Passarei a citar alguns espaços que realmente não me saiem da cabeça ...
Cada um por motivos diferentes óbviamente...

Assim sendo...
PoetaTuÉs(*)http://poetaeusou.blogspot.com/:
fascina-me desde o inicio de Um Momento...Fotos , sentires, poemas...Simplesmente Maravilhoso

Dias(*) http://diadoblog.blogspot.com/ :
Alguém que me fascina com a sua forma de postar, a sua frontalidade e a sua presença...

GoddessNight(*)http://turbulenciasdoblog.blogspot.com/:
Palavras que se pintam através de telas e sentires...Mágnifico simplesmente

SomdoSilêncio(*)e http://silenciosentido.blogspot.com/:
A arte de sonhar... com o amor. Em palavras consegue transportar-nos até ao local do acto e fazer-nos sentir... o momento.

Flash(*)http://aternurados40.blogspot.com/:
Todos os dias uma musica diferente, um caloroso sentir nos invade na noite através das palavras ditas por ele mesmo no palco onde as suas musicas nos apresenta...e eu o aplaudo efusivamente...

Rosa Dourada(*)http://rosadourada.blogspot.com/:
Maravilhoso espaço de uma Amiga de coração... sentires , mãos de fada... Simplesmente Belo

TiagoR Cardoso(*)http://comimagens.blogspot.com/:
Desde sempre , gostei das suas palavras acompanhando as suas lindas fotos

Quint(*)http://notassoltasideiastontas.blogspot.com/:
Alguém que sempre me deliciou com as “verdades” do nosso Portugal...

Rascunhos(*) http://rascunhandoporai.blogspot.com/:
Perco-me em contos e momentos ...

Aramis(*)http://aramis-cavalgada.blogspot.com/:
Espaço em que admiro a sua solidariedade constante ...

Mimo-te(*)http://mimo-te.blogspot.com/:
Um mimo mesmo é este espaço...

Garça Real(*)http://lagoreal.blogspot.com/:
O lago onde não deixo de mergulhar ,e ,onde existe a mais Doce Garça da Blogoesfera

Pena(*) http://memoriasvivasereais.blogspot.com:
Espaço onde me sinto a viajar no tempo, em emoções reais

A Flor(*)http://flor-odesabrochar.blogspot.com/
Lindo jardim de uma linda flor


Anónimo(*)http://aguardentemente.blogspot.com/
Pela sua boa disposição, sorrio-lhe

Charlie(*)http://cartassemvalor.blogspot.com/
Pelas suas cartas que tanto me deliciam....

Muito obrigado a todos , e áqueles que aqui não estão citados...
Há imensos espaços que não me saiem da cabeça e por isso agradeço eu a sua existência

Um abraço forte a ti,que me lês !

Grata
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*Exemplo*

Não há modo de mandar,ou ensinar mais forte e suave do que o exemplo :
Persuade sem retórica,reduz sem porfia,convence sem debate,todas as dúvidas desata,e corta caladamente todas as desculpas.
Pelo contrário fazer uma coisa e mandar ou aconselhar outra, é querer endireitar a sombra de cara torcida.

By Padre Manuel Bernardes
*Séc XVII*

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*O Julgamento *

Havia numa aldeia um velho muito pobre, mas até Reis o invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco.
Reis ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia:
- "Este cavalo não é um cavalo para mim, é uma pessoa. E como se pode vender uma pessoa, um amigo?" O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo.
Numa manhã descobriu que o cavalo não estava na cocheira. A aldeia inteira reuniu e disseram: "Se velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor vendê-lo. Que desgraça!"
O velho disse: "Não cheguem a tanto. Simplesmente digam que o cavalo não está na cocheira. Este é o facto; o resto é julgamento. Se se trata de uma desgraça ou de uma bênção, não sei, porque este é apenas um fragmento. Quem pode saber o que vai se seguir?"
As pessoas riram do velho. Elas sempre souberam que ele era um pouco louco. Mas quinze dias depois, de repente, numa noite, o cavalo voltou. Ele não havia sido roubado, ele havia fugido para a floresta. E não apenas isso, ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo.
Novamente as pessoas se reuniram e disseram: "Velho, você estava certo. Não se trata de uma desgraça, na verdade provou ser uma bênção."
O velho disse: "Novamente vocês estão se adiantando. Apenas digam que o cavalo está de volta...quem sabe se é uma bênção ou não? Este é apenas um fragmento. Você lê uma única palavra de uma sentença - como pode julgar todo o livro?
Desta vez as pessoas não podiam dizer muito, mas interiormente sabiam que ele estava errado. Doze lindos cavalos tinham vindo...
O velho tinha um único filho que começou a treinar os cavalos selvagens. Apenas uma semana mais tarde, ele caiu de um cavalo e fracturou as pernas. Novamente as pessoas se reuniram, e mais uma vez julgaram. Elas disseram: "Você tinha razão novamente. Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu as pernas, e na sua velhice ele era seu único amparo. Agora você está mais pobre do que nunca."
O velho disse: "Vocês estão obcecados por julgamentos. Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fracturou as pernas. Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma bênção. A vida vem em fragmentos, mais que isso nunca é dado."
Aconteceu que, depois de algumas semanas, o país entrou em guerra , e todos os jovens da aldeia foram forçados a se alistar. Somente o filho do velho foi deixado para trás, porque era aleijado. A cidade inteira estava chorando, lamentando-se porque aquela era uma luta perdida e sabiam que a maior parte dos jovens jamais voltaria. Elas vieram até o velho e disseram: "Você tinha razão, velho - aquilo se revelou uma bênção. Seu filho pode estar aleijado, mas ainda está com você. Nossos filhos foram-se para sempre."
O velho disse mais uma vez: "Vocês continuam julgando. Ninguém sabe! Digam apenas que seus filhos foram forçados a entrar para o exército e que meu filho não foi. Mas somente Deus, a totalidade, sabe se isso é uma bênção ou uma desgraça."
Não julgue, porque dessa maneira jamais se tornará uno com a totalidade. Você ficará obcecado com fragmentos, pulará para as conclusões a partir de coisas pequenas. Quando você julga, você deixa de crescer. Julgamento significa um estado mental estagnado. E a mente sempre deseja julgar, porque em um processo é sempre arriscado e desconfortável.
Na verdade, a jornada nunca chega ao fim. Um caminho termina e outro começa, uma porta se fecha e outra se abre. Você atinge um pico; sempre existe um pico mais alto. Fique satisfeito de viver o momento e nele crescer...somente aqueles são capazes de caminhar a totalidade.

La Haula Ua La, Kuuita ila Billah Al Allah

*Desconheço o autor*
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*As Pessoas Só Crescem ao Ritmo a que São Obrigadas*

Os jovens de agora parece que têm dificuldade em crescer. Não sei porquê. Se calhar as pessoas só crescem ao ritmo a que são obrigadas. Um primo meu, com dezoito anos, já tinha as insignías de auxiliar do xerife. Era casado e tinha um filho. Tive um amigo de infância que, com a mesma idade, já tinha sido ordenado sacerdote baptista. Era pastor de uma igrejinha rural, muito antiga. Ao fim de uns três anos foi transferido para Lubbock e, quando disse às pessoas que se ia embora, elas desataram todas a chorar, ali sentadas no banco da igraja. Homens e mulheres, todos em lágrimas. Tinha celebrado casamento, baptizados, funerais. Com vinte e um anos, talvez vinte e dois. Quando pregava os seus sermões, a assistência era tanta que havia gente de pé no adro a ouvir. Fiquei espantado. Na escola ele era sempre tão calado.

(...) A Loretta contou-me que ouviu falar na rádio de uma certa percentagem de crianças deste país que está a ser criada pelos avós. Já não me lembro do número. Era bastante alto, pareceu-me. Os pais não querem ter esse trabalho. Conversámos sobre isso. Demos connosco a pensar que quando a próxima geração crescer e também já não quiser criar os filhos, quem é que vai tomar essa tarefa a seu cargo? Os pais deles vão ser os únicos avós disponíveis e nem os próprios filhos quiseram criar. Não encontrámos resposta para isto.

Cormac McCarthy, in 'Este País Não É para Velhos'

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